Descobrindo a Água em mim

Tive a alegria de participar de um curso chamado A Natureza Rítmica da Água. Esse curso foi fruto de um desses encontros únicos e peculiares que a vida proporciona quando estamos conectados ao fluxo.
Guilherme Castagna, grande amigo, que me inspira e quem admiro profundamente pela sua conexão com a Água e pelo humano incrível que é, me falou de Paul Van Dijk, um holandês que através da fenomenologia de Goethe traz um olhar sensível e maravilhado da Água.
Paul Van Dijk e a Água
Nos primeiros dois anos que Paul veio ao Brasil não pude ir ao seu encontro. Foi quando Gui falou: larga tudo e vem para esse curso, que ele realmente vai transformar sua vida. Nesse momento percebi que realmente precisava me mover e trazer Paul para Piracanga. E foi o que fiz.
Ao conhecê-lo, logo percebi que Paul era um desses naturalistas que pela observação e conexão traziam a tona o maravilhamento e encantamento com a beleza, com os detalhes da Natureza. Na primeira pergunta do curso já me deparei com os limites da minha observação. Vi o quanto limitada é minha estrutura de pensamento. Mas por isso mesmo me senti impelida a mergulhar nesse mistério.
O que é a Água?
E ao mergulhar nesse mistério, ao observar apuradamente, ao me conectar com meus sentimentos e emoções e, finalmente, ao contemplar cuidadosamente, fui descobrindo muitas nuances, e quiçá um pouco desse sentido essencial da Água.
Pois existe uma essência escondida na Água. Essa essência gera espanto. E é impossível não se maravilhar com esse elemento que muda nossa pele, que muda nosso corpo e que sustenta toda vida.
É algo que não tem forma, e é totalmente movimento. Envolve e acolhe todas as formas vivas. É abundantemente presente onde a vida se desenvolve no espaço e no tempo, nas formas. A Água é uma espécie de “mediador” entre dois mundos. O tempo todo torna possível e mantém, sem determinar. E por tal é totalmente ‘altruísta’.
Qual o papel da Água no planeta e no nosso ser?
• Ela absorve e passa adiante, sem querer marcar presença;
• É extremamente sensível às influências materiais e imateriais;
• Ela também me envolve a medida que permito o envolvimento;
• A Água sempre tende a união, volta para o todo o tempo todo, e leva sempre à unidade;
• Em alguns momentos nos faz perder os limites do nosso corpo, nos acolhendo na unidade;
• Mesmo quando vem de direções opostas, a Água se encontra e se unifica, ela sempre faz esse movimento;
• Mesmo oferecendo uma gentil resistência ao toque ela é receptiva e aceita qualquer forma que lhe é oferecida;
• A Água entra em um lugar e sempre quer se comunicar com o todo;
• Possui um tipo especial de inteligência: ela está sempre disponível sem ser determinante;
• Em qualquer resistência a Água reage com ritmo. Com ritmo a Água está em sua essência.
Descobrindo a Água em mim
Com todas essas nuances, percebi que o encantamento e maravilhamento tomou conta do meu ser. Já sabia que somos mais de 70% Água pelo peso total, mas se contarmos a quantidade de Água nas nossas células, chega a 90%. Sou quase Água pura!
No momento da concepção, nos desenvolvemos em um ambiente onde tem quase 100% de Água. E nessas percepções que sou, fui mergulhando cada vez mais nesse ser. Nessa entidade/organismo que chamamos de Água, fui me sentindo mais íntima, mais próxima da Água que sou. Fui descobrindo e me identificando cada vez mais.
O que mais me fascinou foi saber que a Água pulsa: No final da segunda semana, se sabe onde o coração vai se desenvolver pela pulsação existente. Antes do coração já existe uma pulsação que traz um ritmo.
É a Água que faz o coração pulsar. E ver essa pulsação com meus próprios olhos me fez ter a certeza que que estou diante de um Ser, de um grande organismo.
Nisso percebi que a Água é a mediadora entre o visível e invisível. É a inteligência que traz o mistério para a superfície e de alguma forma revela o invisível.
O Amor da Água
Nessa observação/conexão/maravilhamento percebi que a Água tem sempre uma intenção, uma inteligência e se comporta sempre de forma rítmica, sempre procurando um equilíbrio.
Por esse contato/mergulho senti no mais profundo do meu ser que a Água é o amor incondicional do qual todos tanto falamos, ela só dá e não segura nada para ela.
E fui recebendo esse amor todo, que o tempo todo a Água nos dá. É essa mesma Água que nos traz pra unidade o tempo todo. Ao receber tudo isso, impelida pelas palavras de Paul, consegui me perceber como Água e me perguntar:
• O que a Água quer da gente?
• Como podemos estar a serviço da Água?
• Como pensar como a Água pensa?
• O que isso nos diz sobre o meu ser interior? E como posso apoiar isso?
• Como posso ajudar a Água no desenvolvimento dessa função de manter/sustentar a vida?
• Seu ritmo é o comportamento essencial da Água? Como podemos encontrar esse ritmo?
No curso, através de varias experimentações, através do encontro de meandros, das formações de argila, da tecnologia Flowform, pudemos ver qual é o ritmo natural da Água, qual é seu fluxo. O padrão de fluxo rítmico natural na forma de fluxo estimula a capacidade de vida da água e, portanto, os processos de vida nela.
Esse ritmo estimula a capacidade natural de sustentar a vida. Quiçá o primeiro passo seja recompor ou reencontrar esse ritmo. É uma das formas, das direções. Mas dentro percebo cada vez mais que a Água é ilimitada, é essa expressão do mistério, do inigualável que conseguimos experimentar, ainda que não totalmente.
E disso tudo que vivi me vem muitos questionamentos, aos quais eu talvez leve a vida para ter respostas. Me vem principalmente uma intenção, uma vontade: como posso fazer jus a Água que sou. Como posso me mover no meu ritmo, no meu fluxo? Como posso revitalizar cada vez mais minhas Águas?
E me inspiro na fenomenologia de Goethe para me mover para as respostas: é necessário observação apurada (autobservação), posterior conexão com minhas emoções e sentimentos (minhas Águas internas), para finalmente, através da contemplação cuidadosa, acessar o sentido mais profundo, o que há de mais essencial.
Vamos nessa? Que nos tornemos cada vez mais Água!